Dra. Iana Rodrigues
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Trata-se de uma reação imunológica contra as proteínas do leite de vaca.

Em geral ocorre na primeira semana de exposição ao leite de vaca, mas pode se manifestar até o 2º ano de vida.

A cura (tolerância natural) geralmente ocorre ainda na infância.

Cerca de 50% até 1 ano;   75% até os 2 anos e   90% até os 3 anos.

Para facilitar o entendimento vamos dividir os sintomas da APLV pelos mecanismos imunológicos envolvidos.

Dividimos em:
– Mediado por IgE (IgE é o anticorpo da alergia)
– Não mediado por IgE
– Mistas

Inicialmente farei um resumo comparativo dos 2 primeiros mecanismos, depois falaremos de cada um deles separadamente.

Alergia a Proteina Leite vaca

Mediada por IgE Não mediada por IgE
Tempo de início sintomas após contato com o leite Minutos a poucas horas Horas a dias da ingestão
Teste cutâneo alérgico / IgE no sangue Positivo Negativo
Sintomas principal Empolação e inchaço Vômitos e diarreia
Complicação Anafilaxia Desidratação e desnutrição
Tratamento Restrição do LV Restrição do LV

 

APLV MEDIADA POR IgE

Sintomas:

É uma doença predominantemente da criança.
Em 90% dos pacientes, o início dos sintomas ocorre na 1ª semana após a exposição ao leite de vaca, podendo ocorrer em até 30 dias.

– PELE
É o local onde mais aparecem as reações: empolações por todo corpo e inchaços.
Algumas vezes até onde toca o leite, pode empolar.
É importante pensar em alergia alimentar quando a criança apresenta dermatite atópica difícil de controlar.

Dermatite Atópica leve em geral não se associa a alergia alimentar!!

– GASTROINTESTINAL
Algumas crianças apresentam enjôo, vômitos e diarréia logo após ou até 2h da ingestão do leite. Em geral esses sintomas vêm junto com as empolações da pele.

– RESPIRATÓRIO
São raros os sintomas respiratórios como entupimento, coriza, coceira ou espirros, mas caso ocorram, vem sempre junto com sintomas de pele. É um sinal de gravidade da APLV.

Atenção!!! Não há evidências clinicas que a rinite alérgica possa ser causada unicamente pela alergia ao leite, assim como a otite média de repetição e a otite média serosa.

– CARDIOVASCULAR
Algumas crianças podem evoluir com uma forma mais grave dessa alergia ao leite de vaca: Choque Anafilático. É uma reação rápida, ocorre em poucos minutos após a exposição. Em geral essas crianças devem levar consigo a Adrenalina auto-injetável!

Confirmação do diagnóstico da APLV mediada por IgE:

Podemos realizar
– TESTE CUTÂNEO para pesquisar alergia às proteínas do leite: caseína, betalactoglobulina, alfalactoalbumina.
É bastante prático, podendo ser realizado no consultório por profissional capacitado.
Não há idade mínima.
– EXAMES DE SANGUE para pesquisar IgE específica para essas proteínas do leite.
A pesquisa de IgE pode ser útil quando a pele estiver muito acometida, o paciente estiver em uso de antialérgico ou até para ter valores seriados ao longo do tempo.
– DIETA DE EXCLUSÃO e REEXPOSIÇÃO – suspende por 1-2 semanas e depois reintroduz o leite de vaca – é o padrão OURO no diagnóstico.
Deve ser feito SEMPRE em ambiente hospitalar e com médico alergista capacitado.

Teste de reexposição oral deve ser feito por médico alergista experiente
e em ambiente hospital.

APLV NÃO MEDIADA POR IgE

Sintomas:
Também é uma doença da criança, que se inicia até os 2 anos de idade.
Os sintomas são tardios, ocorrem em horas a dias da exposição ao leite de vaca.

GASTROINTESTINAL
Em geral os sintomas são GASTRO-INTESTINAIS, e podem ser classificadas em:
– FPIPS – Síndrome da Proctocolite Induzida por proteína alimentar
– FPIES – Sindrome da Enterocolite Induzida por proteina Alimentar
– FPE – Sindrome da Enteropaia Induzida por proteina Alimentar

Os sintomas principais são vômitos e diarreia.

Esses sintomas podem ser leves ou severos.
Em alguns casos podem levar a desidratação, diminuição de ganho de peso e estatura ou até desnutrição.

Confirmação do diagnóstico:
O Diagnóstico é principalmente clinico, pois os exames ajudam pouco como vamos ver a seguir.
– TESTE CUTANEO e EXAME DE SANGUE (IgEs séricas) não terão valor – lembrando que essa é uma doença alérgica não dependente de IgE.
– PATCH TEST com alimento suspeito – é um teste cutâneo realizado nas costas do paciente, sendo feito uma leitura tardia, 48-72h.
O problema é que não se tem observado correlação clínica e testes positivos que justifique a realização do teste em todos pacientes.
– PESQUISA DE SANGUE OCULTO E MUCO NAS FEZES – tem pouco valor, pois pode ser modificado por vários fatores
– COLONOSCOPIA COM BIOPSIA – para confirmação e/ou exclusão de outras doenças. Não deve ser feita em todos os paciente como rotina.
– DIETA DE EXCLUSÃO e REEXPOSIÇÃO – suspende por 2-4 semanas e depois reintroduz o Leite de vaca – é o padrão OURO no diagnóstico. Deve ser feito SEMPRE com supervisão do médico alergista.

Tratamento para APLV:

A base do tratamento é a RETIRADA COMPLETA DO LEITE E DERIVADOS DA DIETA DO ALÉRGICO, em alguns casos, a retirada também deve ser feita da dieta da mãe, caso esteja amamentando – mas sempre com orientação do alergista.

A restrição deve ser completa do leite de vaca e seus derivados, como queijo, bolo, iogurte, creme de leite, requeijão, biscoitos – lembrando que leite de vaca, cabra, ovelha e búfala apresentam as mesmas proteínas, portanto não devem ser uma opção.
A escola, os familiares e o pequeno paciente devem estar cientes e esclarecidos sobre a importância da restrição.
Como o leite é a maior fonte de cálcio e nutrientes nos lactentes, é mandatório o acompanhamento conjunto com nutricionista.

Para a execução de uma boa dieta, devemos LER OS RÓTULOS dos alimentos cuidadosamente e EVITAR alimentos que contenham:  LEITE DE VACA, TRAÇOS DE LEITE, CASEÍNA, CASEINATO, LACTULOSE, LACTOSE, SORO DE LEITE OU PROTEÍNA LACTEA.

Grande parte dos pacientes desenvolve tolerância até 3-5 anos de idades.
O médico alergista poderá realizar os testes de provocação oral a cada 6-12 meses, até o paciente atingir a tolerância ao leite de vaca, e assim ter a cura da alergia.
Atenção! Esse teste deve ser feito sempre com a supervisão do médico alergista!

Prevenção:

Estimular o aleitamento materno exclusivo até 6 meses de idade, evitando a introdução precoce do leite de vaca.

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