Dra. Iana Rodrigues
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Conceito

A alergia alimentar é uma resposta imunológica anormal do organismo para alguns alimentos. Esse tipo de reação depende da sensibilidade de cada um.

A alergia alimentar é mais comum na criança – 80% dos sintomas ocorrem no primeiro ano de vida.

Fatores de Risco

História de alergia na família é o melhor indicativo para o risco de aparecimento de alergia alimentar.
Caso a herança seja bilateral (pai e mãe), o risco de alergia alimentar dobra!

A orientação atual é que todas as mães, independente da história familiar, consumam dietas normais, balanceadas sem restrição (incluindo leite, ovo, trigo, etc) durante a gestação e amamentação.

Receber fórmulas de leite de vaca, ainda no berçário, pode ser um fator de risco para alergia alimentar.

Devemos sempre estimular o aleitamento materno exclusivo de 6 meses.

ALIMENTOS que mais causam alergia:

Na criança:

No adulto:

Atenção!!
Corantes e conservantes:

Como tartrazina (corante amarelo), vermelho carmin, sulfitos e glutamato monossódico.

Apesar de serem frequentemente informados pelos pacientes, menos de 1% estão realmente relacionados com alergia alimentar.
Manifestações como urticária, asma e anafilaxia são extremamente raras e alguns autores chegam a desconsiderar esta possibilidade em relação aos aditivos.

Sintomas

Para facilitar o entendimento vamos dividir os sintomas pelos mecanismos imunológicos envolvidos.

Dividimos em:
– Mediado por IgE (IgE é o anticorpo da alergia)
– Não mediado por IgE
– Mistos

Inicialmente farei um resumo comparativo dos 2 primeiros mecanismos, depois falaremos de cada um deles separadamente.

Mediada por IgE Não mediada por IgE
Tempo de início sintomas após contato com o leite Minutos a poucas horas Horas a dias da ingestão
Teste cutâneo alérgico / IgE no sangue Positivo Negativo
Sintomas principal Empolação e inchaço Vômitos e diarreia
Complicação Anafilaxia Desidratação e desnutrição
Tratamento Restrição do LV Restrição do LV

 

– ALERGIA ALIMENTAR MEDIADA POR IgE

PELE:
É o local mais comum de manifestação. Podemos observar:

APARELHO GASTROINTESTINAL:

APARELHO RESPIRATÓRIO:

Os sintomas de rinite e asma são muito raros, mas quando ocorre vem acompanhado de sintoma da pele, do aparelho gastrointestinal e até de manifestação de anafilaxia.

– ALERGIA ALIMENTAR não MEDIADA POR IgE

Os sintomas são tardios, ocorrem em horas a dias da exposição ao alimento.
É uma doença da criança, que se inicia até os 2 anos de idade.
Os sintomas principais são vômitos e diarreia.

GASTROINTESTINAL
Em geral os sintomas são GASTRO-INTESTINAIS, e podem ser listados como:
– FPIPS – Síndrome da Proctocolite Induzida por Proteína Alimentar
– FPIES – Síndrome da Enterocolite Induzida por Proteína Alimentar
– FPE – Síndrome da Enteropaia Induzida por Proteína Alimentar

Esses sintomas gastrointestinais podem ser leves a severos.
Em alguns casos podem levar a desidratação, diminuição de crescimento, peso e até desnutrição.

– ALERGIA ALIMENTAR COM MECANISMO MISTO

Listamos 2 doenças das principais doenças que se encaixam nesse mecanismo:
– DERMATITE ATÓPICA – apenas aquelas moderadas a graves devem ser relacionadas a Alergia Alimentar (ver Dermatite Atópica)
– ESOFAGITE EOSINOFILICA (ver Esofagite Eosinofílica)

Diagnóstico

Deve ser clínico e em algumas situações podem ser confirmadas por exames:

– Na alergia alimentar MEDIADA por IgE

É um teste rápido, simples que pode ser realizado no próprio consultório do médico especialista.

É um exame menos específico e ainda podemos ter falsos positivos. Por exemplo, se um paciente tem alergia ao amendoim, o exame pode mostrar alergia ao feijão, a soja e a ervilha, mas na verdade é alergia só ao amendoim (essas substâncias fazem reação cruzadas entre si).

É o mais fidedigno para se estabelecer o diagnóstico de alergia alimentar. Este teste nada mais é do que re-expor ao alérgico o alimento suspeito.

Lembre-se: SÓ DEVE SER REALIZADO COM SUPERVISÃO MÉDICA. Nunca deve ser feito se tiver suspeita de anafilaxia, exceto em ambiente hospitalar e com médico especialista.

– Na alergia alimentar NÃO MEDIADA por IgE

O Diagnóstico é principalmente clinico, pois os exames ajudam pouco como vamos ver a seguir.

– TESTE CUTANEO e EXAMES DE SANGUE – (IgEs séricas)

Não terão valor – lembrando que essa é uma doença alérgica não dependente de IgE.

– PATCH TEST com alimento suspeito – é um teste cutâneo realizado nas costas do paciente, sendo feito uma leitura tardia, 48-72h.

O problema é que não se tem observado correlação clínica e testes positivos que justifique a realização do teste em todos pacientes.

– PESQUISA DE SANGUE OCULTO E MUCO NAS FEZES –

Tem pouco valor, pois pode ser modificado por vários fatores

– COLONOSCOPIA COM BIOPSIA –

Para confirmação e/ou exclusão de outras doenças.

Não é exame para ser feito em todos os pacientes.

– DIETA DE EXCLUSÃO e REEXPOSIÇÃO –

Suspende por 2-4 semanas e depois reintroduz o Leite de vaca – é o padrão OURO no diagnóstico. Deve ser feito SEMPRE com supervisão do médico alergista.

Tratamento

O único tratamento comprovadamente eficaz é a RETIRADA COMPLETA DO ALIMENTO.

Por exemplo, a criança que faz alergia ao leite de vaca, deve suspender o leite em pó da mamadeira, mas também os derivados: queijo, requeijão, bolo, pães, doces, biscoitos…

Em cada alimento comprado para o alérgico devemos ler o rótulo das embalagens para não termos surpresas. Essa dieta deve ser dita aos familiares e à escola. No caso de uma criança maior, ela também deve ser orientada.

Sabemos que alergia a alimentos como leite de vaca, ovo, trigo e soja podem desaparecer, geralmente na infância. Menos de 10% se mantem na vida adulta.

Mas outros alimentos como amendoim, castanhas, nozes e frutos do mar mostram uma alergia duradoura, algumas vezes por toda a vida.

Prevenção

Poucas são as evidencias que podem intervir para diminuir a chance do aparecimento da alergia alimentar.

É consenso que o aleitamento materno exclusivo deve ser mantido até os 6 meses

Não está recomendado…
– Dieta da mãe durante a gestação e amamentação
– Adiar a introdução dos alimentos sólidos. Estes devem ser introduzido a partir do 6º mês de vida, sem restrição (ex: leite, ovo, trigo e peixe)
– Introdução de fórmulas de soja ou hipoalérgicas (parcial ou extensamente hidrolisadas)

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